A grande transformação no processo de qualificação brasileiro, iniciada no final de 2025, deverá ganhar força em 2026. Com a resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) que flexibiliza a formação de condutores, foi tecnicamente encerrado o monopólio das autoescolas das categorias A e B, abrindo espaço para um sistema híbrido e mais acessível.
Como funcionará o novo processo sem a exigência do CFC?
A principal mudança é a liberdade de escolha. O candidato não é necessário mas estar obrigatoriamente matriculado em um Centro de treinamento de motoristas (CFC) para assistir às aulas teóricas presenciais. O conteúdo agora pode ser estudado de forma autodidata ou por meio de cursos online gratuitos disponíveis em plataformas oficiais do governo, como o Ministério dos Transportes.
Na prática, o cidadão agenda seus exames diretamente no Detran após se sentir preparado. A etapa teórica continua exigindo aprovação em prova oficial, garantindo que o conhecimento das leis de trânsito seja testado com o mesmo rigor, mas sem os custos de matrícula e pacotes de aulas fechadas.
Quem pode ministrar aulas práticas no lugar dos instrutores da autoescola?
Nas aulas de direção, a figura do instrutor independente credenciado. Profissionais autônomos, devidamente credenciados pelos órgãos estaduais de trânsito, poderão ministrar aulas práticas em veículos particulares adaptados (com critérios de segurança definidos) ou compartilhados.
Esta “uberização” do ensino prático visa aumentar a concorrência e reduzir o preço das horas-aula. Em 2026, a expectativa é que o número de instrutores independentes cresça exponencialmente, ampliando a oferta em cidades do interior onde muitas vezes havia apenas uma autoescola.
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A segurança no trânsito ficará comprometida com esta mudança?
Este é o ponto de maior debate. Os defensores da medida defendem que a exigência de provas teóricas e práticas permanece inalterada e rigorosa, sendo o exame o verdadeiro filtro de competência, e não a assiduidade em sala de aula. O modelo se aproxima do sistema norte-americano, focado no resultado final da avaliação.
Por outro lado, especialistas em trânsito alertam que o treinamento pode se tornar “mecânico”, focado apenas na aprovação na prova e não na educação para o trânsito. Para amenizar isso, o Detrans promete fiscalização rigorosa de instrutores independentes e, em alguns casos, exames práticos mais exigentes.
Confira o que de fato muda no seu bolso e na burocracia:
- Custos Reduzidos: Estima-se queda de até 80% no valor total da CNH, eliminando taxas administrativas para CFCs.
- Carga de trabalho: Fim da exigência de número mínimo de horas letivas em autoescola; o foco passa a ser aptidão para exames.
- Exames Oficiais: As taxas do Detran (exames médicos, psicotécnicos e exames) continuam obrigatórias e pagas ao Estado.
- Material Didático: Acesso gratuito a apostilas digitais e simulações oficiais sem custo adicional.
O que acontecerá com as autoescolas tradicionais em 2026?
As escolas de condução não deixarão de existir, mas terão de se reinventar. Funcionarão como centros de excelência opcionais para quem prefere apoio pedagógico estruturado ou tem dificuldades de aprendizagem independente. Muitos deveriam se concentrar em cursos especializados, como direção defensiva ou reabilitação para motoristas com medo de dirigir.
A tendência é que se tornem um serviço “premium” ou de apoio, em vez de uma etapa obrigatória e burocrática. Para o consumidor, isso significa que pagar uma autoescola será uma decisão de conveniência e não uma exigência legal.
Resumo de dúvidas sobre a CNH em 2026
- Validade: A carteira de habilitação obtida neste novo modelo tem a mesma validade jurídica e aceitação em todo o território nacional.
- Categorias: A flexibilização foca inicialmente nas categorias A (motocicletas) e B (automóveis), as mais procuradas.
- Começar: A medida já está em vigor, mas a adesão prática depende da regulamentação específica do Detran de cada estado.





